
O lançamento da Campanha da Fraternidade desse ano
foi presidida por dom Leonardo Steiner, que declarou a intenção da CNBB de
contribuir na identificação das práticas do tráfico humano em suas várias
formas. “O tráfico humano de hoje é, certamente, fruto da cultura que vivemos.
A Campanha da Fraternidade, ao trazer à luz um verdadeiro drama humano deseja
despertar a sensibilidade de todas as pessoas de boa vontade”, explicou.

Cartaz denuncia a crueldade do tráfico humano
O
cartaz da Campanha da Fraternidade quer refletir a crueldade do tráfico humano.
As mãos acorrentadas e estendidas simbolizam a situação de dominação e
exploração dos irmãos e irmãs traficados e o seu sentimento de impotência
perante os traficantes. A mão que sustenta as correntes representa a força
coercitiva do tráfico, que explora vítimas que estão distantes de sua terra, de
sua família e de sua gente.
2-Essa
situação rompe com o projeto de vida na liberdade e na paz e viola a dignidade
e os direitos do ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus. A sombra, na
parte superior do cartaz, expressa as violações do tráfico humano, que ferem a
fraternidade e a solidariedade, que empobrecem e desumanizam a sociedade.
3-As
correntes rompidas e envoltas em luz revigoram a vida sofrida das pessoas
dominadas por esse crime e apontam para a esperança de libertação do tráfico
humano. Essa esperança se nutre da entrega total de Jesus Cristo na cruz para
vencer as situações de morte e conceder a liberdade a todos. “É para a
liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5, 1), especialmente os que sofrem com
injustiças, como as presentes nas modalidades do tráfico humano, representadas
pelas mãos na parte inferior.
4-A
maioria das pessoas traficadas é pobre ou está em situação de grande
vulnerabilidade. As redes criminosas do tráfico valem-se dessa condição, que
facilita o aliciamento com enganosas promessas de vida mais digna. Uma vez nas
mãos dos traficantes, mulheres, homens e crianças, adolescentes e jovens são
explorados em atividades contra a própria vontade e por meios violentos.
(Fonte: CF 2014).
Papa Francisco : “Vai e ajuda os teus irmãos a serem livre”
Queridos
brasileiros,

Não
é possível ficar impassível, sabendo que existem seres humanos tratados como
mercadoria! Pense-se em adoções de criança para remoção de órgãos, em mulheres
enganadas e obrigadas a prostituir-se, em trabalhadores explorados, sem
direitos nem voz, etc. Isso é tráfico humano! <<A este nível, há
necessidade de um profundo exame de consciência: de fato, quantas vezes
toleramos que um ser humano seja considerado como um objeto, exposto para
vender um produto ou para satisfazer desejos imorais? A pessoa humana não se deveria
vender e comprar como uma mercadoria. Quem a usa e explora, mesmo
indiretamente, torna-se cúmplice desta prepotência>> (Discurso aos novos
Embaixadores, 12/XII/2013). Se, depois, descemos ao nível familiar e entramos
em casa, quantas vezes aí reina a prepotência! Pais que escravizam os filhos,
filhos que escravizam os pais; esposos que, esquecidos de seu chamado para o
dom, se exploram como se fossem um produto descartável, que se usa e se joga
fora; idosos sem lugar, crianças e adolescentes sem voz. Quantos ataques aos
valores basilares do tecido familiar e da própria convivência social! Sim, há
necessidade de um profundo exame de consciência. Como se pode anunciar a
alegria da Páscoa, sem se solidarizar com aqueles cuja liberdade aqui na terra
é negada?
Queridos
brasileiros, tenhamos a certeza: Eu só ofendo a dignidade humana do outro,
porque antes vendi a minha. A troco de quê? De poder, de fama, de bens
materiais... E isso – pasmem! A troco da minha dignidade de filho e filha de
Deus, resgatada a preço do sangue de Cristo na Cruz e garantida pelo Espírito
Santo que clama dentro de nós:<< “Abbá, Pai!”>> (cf. Gal 4,6). A
dignidade humana é igual em todo o ser humano: quando piso-a no outro, estou
pisando a minha. Foi para a liberdade que Cristo nos libertou! No ano passado,
quando estive junto de vocês afirmei que o povo brasileiro dava uma grande
lição de solidariedade; certo disso, faço votos de que os cristãos e as pessoas
de boa vontade possam comprometer-se para que mais nenhum homem ou mulher, jovem
ou criança, seja vítima do tráfico humano! E a base mais eficaz para
restabelecer a dignidade humana é anunciar o Evangelho de Cristo nos campos e
nas cidades, pois Jesus quer derramar por todo o lado vida em abundância (cf.
Evangelii gaudium, 75).
Com
estes auspícios, invoco a proteção do Altíssimo sobre todos os brasileiros,
para que a vida nova em Cristo lhes alcance, na mais perfeita liberdade dos
filhos de Deus (cf. Rm 8, 21), despertando em cada coração sentimentos de
ternura e compaixão por seu irmão e irmã necessitados de liberdade, enquanto de
bom grado lhes envio uma propiciadora Bênção Apostólica.
Vaticano, 25 de fevereiro de
2014.
Francisco
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