A criança respira melhor, a descida
do leite é acelerada e a recuperação, mais rápida. Conheça esses e mais motivos
para investir nesse tipo de parto.
Como a natureza quer: se o parto
normal é o desfecho natural de uma gravidez, por que fugir dele antes mesmo de
saber se uma cesárea é de fato indicada para o seu caso? “O ideal é que o bebê
escolha o dia em que quer nascer”, diz o obstetra Luiz Fernando Leite, das
maternidades Santa Joana e Pro Matre, em São Paulo. É claro que, na hora do
parto, às vezes surgem complicações. Aí, sejamos justos, a cesariana pode até
salvar a vida da mãe e do filho. “Mas, quando a cirurgia é agendada com muita
antecedência, corre-se o risco de a criança nascer prematura, mais magra e com
os músculos ainda não completamente desenvolvidos”, adverte o obstetra.
A criança respira melhor: quando
passa pelo canal da vagina, o tórax do bebê é comprimido, assim como o resto do
seu corpo. “Isso garante que o líquido amniótico de dentro dos seus pulmões
seja expelido pela boca, facilitando o primeiro suspiro da criança na hora em
que nasce”, explica Rosangela Garbers, neonatalogista do Hospital Pequeno Príncipe,
em Curitiba. Sem falar que as contrações uterinas estressam o bebê – e isso
está longe de ser ruim. O hormônio cortisol produzido pelo organismo infantil
deixa os pulmões preparados para trabalhar a todo vapor. A cesárea, por sua
vez, aumenta o risco de ocorrer o que os especialistas chamam de desconforto
respiratório. Esse problema pode levar a quadros de insuficiência respiratória
e até favorecer a pneumonia.
Acelera a descida do leite: “Durante
o trabalho de parto, o organismo da mulher libera os hormônios ocitocina e
prolactina, que facilitam a apojadura”, afirma Mariano Sales Junior, da
maternidade Hilda Brandão, da Santa Casa de Belo Horizonte. No caso da cesárea
eletiva, a mulher pode ser submetida à cirurgia sem o menor indício de que o bebê
está pronto para nascer. Daí, o organismo talvez secrete as substâncias que
deflagram a produção do leite com certo atraso – de dois a cinco dias depois do
nascimento do bebê. Resumo da ópera: a criança terá de esperar para ser
amamentada pela mãe.
Cai o mito da dor: por mais
ultrapassada que seja, a imagem de uma mãe urrando na hora do parto não sai da
cabeça de muitas mulheres. Segundo Washington Rios, coordenador da maternidade
de alto risco do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, não há
o que temer. “A analgesia é perfeitamente capaz de controlar a dor”, afirma.
Isso porque há mais de dez anos os médicos recorrem a uma estratégia que
combina a anestesia raquidiana, a mesma usada na cesárea, e a peridural. “A
paciente não sofre, mas também não perde totalmente a sensibilidade na região
pélvica”, explica a anestesista Wanda Carneiro, diretora clínica do Hospital e
Maternidade São Luiz, em São Paulo. Dessa forma, ela consegue sentir as
contrações e até ajudar a impulsionar a criança para fora.
Recuperação a jato: 48 horas após o
parto normal, a nova mamãe pode ir para casa com o seu bebê. Em alguns casos,
para facilitar a saída da criança, os médicos realizam a episiotomia, um
pequeno corte lateral na região do períneo, área situada entre a vagina e o
ânus. Quando isso acontece, a cicatrização geralmente leva uma semana. Já quem
vai de cesariana recebe alta normalmente entre 60 e 72 horas após o parto e
pode levar de 30 a 40 dias para se livrar das dores.
Mais segurança: como em qualquer cirurgia, a cesárea envolve riscos de
infecção e até de morte da criança. “Cerca de 12% dos bebês que nascem de
cesariana vão para a UTI”, revela Renato Kalil, obstetra do Hospital e
Maternidade São Luiz, em São Paulo. No parto normal, esse número cai para 3%.
“A sensação da cesariana é semelhante à de qualquer outra cirurgia no abdômen.
É, enfim, como extrair uma porção do intestino ou operar o estômago”, compara
Kalil. E, convenhamos, o clima de uma sala cirúrgica não é dos mais agradáveis:
as máscaras dos médicos, a sedação, a dificuldade para se mexer...
Fonte: bebe.abril.com.br