A casa de Maria Aparecida
Figueiredo abriga três gerações de mulheres atendidas simultaneamente pela
Pastoral da Criança. A própria Maria Aparecida, de 41anos e sua caçula, Mariana, de um ano e meio, sua
filha adolescente Débora, que aos doze anos ficou grávida, e a filha de Débora,
Alice, hoje com seis meses de idade. Mãe
e a filha adolescente a princípio rejeitaram a idéia da gravidez, mas com a ajuda
da Pastoral da Criança, através de uma líder muito presente, elas agora estão
felizes com as suas meninas.
“Com a Pastoral da Criança é
que eu aprendi que também é bom ser mãe”, afirma Débora que entrou em depressão
quando teve certeza de estar grávida, já com três meses de gravidez. Débora
achava que os enjôos eram por conta de comida estragada e sofreu muito com o
parto. “Alice nasceu com 4 quilos e 54 centímetros e tive de ficar cinco dias
no hospital para me recuperar; em casa, fiquei muitos dias de cama”, lembra. Débora
está aprendendo a ser mãe, mas a Pastoral tem ajudado muito em suas dúvidas e
medos. Foi graças à Pastoral, segundo ela conta, que ela fez o pré-Natal,
enfrentou uma diarréia da filha, acompanha o cartão de saúde do bebê e continua
descobrindo que ” ser mãe tem também um lado muito bom”.
A mãe
Maria Aparecida teve um
baque logo após o nascimento de sua caçula, quando descobriu a gravidez de sua
filha de doze anos. E acha que só superou tantas dificuldades por causa do
apoio que encontrou em Maria da Conceição, líder da Pastoral da Criança a quem
Aparecida se refere repetidamente como “uma bênção”.
“A Conceição me ajudou
muito, me aconselhou muito: quando as vizinhas falavam que eu já estava velha
para ser mãe, que a criança ter problemas, ela me dizia para eu confiar e
falava que ia estar do meu lado. Por causa dela não interrompi a minha própria gravidez
e hoje Mariana é a minha maior alegria”, ela comenta. “Foi a Conceição que me
fez fazer o pré-Natal, e quando eu não queria ir, ela me buscava e ia junto
comigo; ela me fez parar de fumar durante a gravidez e ficou comigo durante o
parto, na Maternidadae Odete Valadares”.
Aparecida conheceu a
Pastoral da Criança há nove anos, quando começou a frequentar a Celebração da
Vida e receber as visitas da líder Conceição em sua casa, que vinha para
ajudá-la com a filha Gabriela, atualmente com 10 anos. Hoje, ela tem a Maria da
Conceição como uma grande amiga.
“A Pastoral da Criança mudou a minha vida”,
ela conta: - A Conceição vem sempre aqui conversar, aconselhar, brigou por mim no
Posto de Saúde para que o médico atendesse as duas bebês da casa numa mesma
consulta e até me ensinou a escrever meu nome. Ela também é grata a outra líder
da Pastoral, Denise, que ia diariamente à sua casa dar banho na recém-nascida
antes da queda do umbigo.
A líder
Maria da Conceição Gomes
Souza é incansável em seu trabalho pastoral. Sempre com um sorriso e os braços
abertos para as pessoas, ela cuida de grávidas, mães e crianças da Vila
Bandeirante, no Conjunto Santa Maria,à direita da avenida Raja Gabaglia e das
vilas Leonina e Antena, do outro lado da avenida.
Moradora da Vila Antena há
40 anos, casada, mãe de dois filhos de 35 e 34 anos e avó, ela sempre gostou de
crianças. Ajudou a fundar duas creches na região e quando soube da
possibilidade de levar a seu bairro o trabalho da Pastoral da Criança formou um
grupo, fez curso de líder e, em 1999, começou seu trabalho junto às famílias da
região, fazendo visitas, e promovendo mensalmente a celebração de vida. Suas histórias são
conhecidas: certa vez, em uma visita,
encontrou uma mãe de onze filhos sozinha em casa passando mal, e chegou a
implorar a um vizinho para levar ambas ao hospital. Ela pagou a gasolina e mulher
só foi salva porque recebeu atendimento a tempo (ainda não havia o serviço no
SAMU). Outros trabalhos importantes ela fez com uma grávida portadora de AIDs que
conseguiu ter o filho em boas condições, e com uma família, salvando uma
criança de sofrer abuso do padastro..
“Bênção”, para muitas
famílias, “caçadora de pobres” para o marido que hoje a ajuda na celebração da
vida, Conceição é muito modesta quando se fala em sua dedicação: “Muitas vezes
não dá para fazer tudo que a gente gostaria, mas eu gosto muito dessa missão”. Ela
define a Pastoral da Criança como “vida e alegria que lhe dão força e onde vê
sempre as mãos de Deus”. Ela afirma que está na Pastoral, no meio das pessoas,
para levar amor, ouvir e ajudar, nunca julgar.
“Com a Pastoral também aprendi a perdoar”,
acrescenta. E, para resolver qualquer situação mais difícil antes de tomar
qualquer providência ela se pergunta: “o que Jesus faria se estivesse no meu
lugar?”
Coordenação do Setor N. Sra Esperança em visita com a Líder Conceição |
Rita Jardim - Coord. do Setor N. Sra. Esperança com Alice |
Maria Aparecida e Debora com a Líder Conceição |
Creditos das fotos: Marcello Caldin